sexta-feira, 23 de maio de 2014

preciso escrever isto:


Sei que não me lês {por aqui, nem sabes da existência deste blogue}, mas o que quero escrever, já to disse. A escrita ajuda-me a alinhar ideias, a sentir em dobro.
Zangámo-nos, ou melhor: eu zanguei-me contigo, saltei-te em cima. Estivemos uma semana inteira, sem nos falarmos. Grunhimos umas coisas um ao outro, por mensagem, mas não voltámos sequer a estar juntos. Fiquei a admirar-te mais: a tua coragem, a tua postura, o teu carácter, a tua garra, veio tudo ao de cima esta semana. Repara que estava furibunda contigo, mas consegui ficar a gostar mais de ti do que aquilo que já gostava. Hoje, quando estava a ter um ataque de saudades, comecei a ficar tentada a procurar-te, mas agarrei-me ao trabalho para esquecer. Dez minutos passados, ligas-me com uma serenidade, uma calma, uma alegria, uma maturidade {que não tenho de todo} e perguntaste-me onde estava, se podias vir buscar-me para conversarmos e eu fui. Houve uma pergunta que me fizeste que abanou a minha consciência: Como é que foste capaz de duvidar de nós?, tens razão, não podia. Não tenho dúvidas do que somos, do que sentimos, do que construímos. Duvidei por dois dias e isso irritou-te, indignou-te e mais: consegui desiludir-te. Só percebi isso mais tarde. Quando percebi que a desilusão se tinha instalado em ti, escondi a minha, bem no fundo da minha alma, engoli as lágrimas e fui tentar reparar-te. Não quiseste, não deixaste. Disseste-me: mais tarde, um dia, agora não, estou magoado {não foi isto que escreveste, mas entendo hoje, aqui e agora que era o que lá estava escrito}. Pensei: não quer que seja eu a cuidar da dor dele, recolho-me. Não tive a certeza se procurarias, se voltariamos a conversar, mas uma coisa tinha certeza: que o meu sentimento por ti continuava intacto, aliás tinha crescido e havia a possibilidade de nunca vir a poder dizer-te isso.
Nós devemos dizer tudo, é o que eu defendo, mas quando do outro lado nos pedem silêncio é nossa obrigação respeitar. Eu respeitei porque o que sinto por ti não é uma treta qualquer, o que sinto por ti é muito grande, é gigante, é brutal. Hoje dissemo-nos quase tudo. Quando te mostrei o quanto me magoaste, não entendeste à primeira: somos tão diferentes. Expliquei-te de novo e respondeste: não fiz com essa intenção, mas peço desculpa. Porque nós temos que cuidar um do outro, do que sentimos um pelo outro. Também acabei por pedir desculpas de coisas irreflectidas que havia dito. Esta puta desta minha impulsividade vai acabar comigo, salva-me a humildade e a falta de orgulho.
Eu que sábado passado duvidei de tudo, hoje tive todas as certezas dentro dos teus olhos. Esses olhos azuis da cor do meu mar, do mar da minha terra de onde tinhas vindo surfar. Trazias o sal agarrado ao corpo e à alma e aquele ar que só tu sabes ter, meu guna. Tu consegues ainda ser melhor do que aquilo que eu já achava que eras. Que sorte que eu tenho de gostares de mim.