terça-feira, 20 de março de 2012

MC # 59

Há coisas das quais não posso proteger-te. Desculpa, minha filha. Tenho medo do que estão a fazer-te. Não to mostro, sorrio o tempo todo. Sorrio, quando a minha vontade é chorar [como fiz hoje sozinha], sorrio porque não quero que percebas a importância que tudo isto tem. Porque és pequenina e porque a maldade, já a própria vida ta vai mostrar. Não deveria ser assim. Eu não posso viver isto por ti, se não, viveria. Acredita, que viveria e a ti deixar-te-ia a correr pelos jardins, com as tuas amigas, a dançar. A viver a infância que não te volta mais. Isto não é forma de crescer, eu sei. Mas também sei que és de fibra e que há um lado positivo que vais conseguir arrancar [a ferros] de tudo isto. Faz-te à vida, filha. Devora-a com essa sinceridade, com essa alegria, com essa energia, com essa generosidade. Come-a toda, ela espera-te. Não deixes que isto te endureça, não deixes, minha filha. Eu vou estar aqui para ajudar-te na única coisa que posso fazer no meio de tudo isto: reforçar-te a auto-confiança.